sexta-feira, 26 de junho de 2009

Fundamentos de robótica


Eu não entendo nada de robótica. Mas onde leciono parece haver um grupo razoável de alunos interessado nisso. Na verdade, creio que eles ganharam uma competição este ano, na Campus Party. E também parece haver aqui um grupo razoável de professores interessados em robótica. Acho que o seminário que vi sobre sincronicidade tinha na platéia alguns desses professores, que estudam como sincronizar grupos de robôs. Alguém que leu minha postagem sobre esse seminário parece ter entendido isso nas entrelinhas e me avisou sobre uma competição de futebol de robôs que acontecerá na Europa este ano. Por mais bizarro que isto possa me parecer (futebol de robôs?), o recado está dado.

Eu devo deixar caro que nada tenho contra robôs ou robótica, mas...

Vamos ao meu caso pessoal: a universidade em que trabalho comprou caixas e caixas de blocos de construção de robôs - da famosa marca Lego - para as disciplinas iniciais de robótica. Enquanto isso, a biblioteca basicamente só tem os livros de astronomia que eu doei, com dinheiro do meu bolso. A biblioteca não consegue comprar os livros que eu pedi, e a universidade só tem uma disciplina de astronomia por eu ter criado uma. Claro é que astronomia não é uma prioridade da universidade como um todo, alunos e professores incluídos, ou ao menos não é tão relevante como robótica.

E eu vejo a robótica como vejo Lego: uma brincadeira interessante, talvez com importantes aplicações práticas, mas... A astronomia leva a reflexões sobre o tamanho e importância dos seres humanos e da Terra enquanto a robótica leva a reflexões sobre? Não sei (talvez dê para aprender sobre cognição ou comportamento, mas não acho que seja essa a ênfase da maioria dos estudiosos da área). Um robô é uma máquina sofisticada e por isso mesmo cara, de acesso restrito. Além disso é uma máquina, um gadget, uma traquitana que pode ser usada para o bem ou para o mal, para lucros ou prejuízos, para realizar tarefas, um potencial escravo para os humanos (é isso que buscamos: alguém que trabalhe no nosso lugar?) - e nisso se distingue muito do conhecimento básico, que é o cerne da astronomia.

Robótica é tecnologia, astronomia é ciência. E é por isso que a robótica interessa mais às pessoas: as pessoas vêem a ciência como algo que pode ser até legal, mas que por si só é inútil, algo estéril, que só faz sentido quando leva a aplicações tecnológicas. Eu, que só busco a beleza de saber, quando vejo um robô, vejo uma máquina que fala da habilidade humana de construir, muitíssimo mais exercitada que a capacidade humana de entender, e por isso mesmo fico triste que essa última não seja mais bem cuidada...

(imagem: um futuro atleta se aquecendo para o próximo jogo?)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sincronicidade

Vi hoje à tarde um seminário sobre sincronizações e movimentos coletivos. O palestrante mostrou alguns vídeos bem interessantes, especialmente um com o ataque de um falcão a um grupo de pássaros, em que os pássaros parecem se mover como se fossem um único corpo gigante, como se fossem um enorme enxame de abelhas.

E tudo isso é fácil de modelar: é um comportamento coletivo, de manada, causado pela "imitação", por parte de um indivíduo, do comportamento de seus vizinhos. Todos imitando todos e surge um padrão sincronizado...

Quantas vezes as pessoas agem assim, sem perceber, como aparelhos mecânicos, em simples comportamentos de grupo? No fundo, no fundo, é mais seguro...

A estrutura da bolha de sabão


Ah! O dedo de Deus... Deus - ou o destino, para quem não gosta de divindades - pode muito, e não me custa lembrar a pintura na Capela Sistina, onde, com um dedo, Ele passa a centelha da vida para o homem. Deus, como eu o vejo, pode muito, mesmo, e para Ele nossa vida, com todas nossas preocupações, alegrias e agonias, é uma brincadeira, uma fantasia, uma bolha de sabão que se desfaz com o simples toque maravilhoso e miraculoso de um dedo.

(imagem: uma bolha de sabão encontra um dedo)