segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A rosa do povo


Passei quase dez dias longe deste meu diário eletrônico. Não que eu não tivesse novidades para postar, que, como todo mundo, as tenho: fui ao litoral, me embebedei como não fazia há muitos anos, conversei com amigos antigos, li sobre outros mundos...

E o mundo, este em que vivemos, não parou nestes meus dias de silêncio - os jornais se acumularam como sempre num canto de minha casa, com milhares de notícias novas (ainda assim tão velhas!). Eu podia aproveitá-las para escrever algo, fazer comentários inteligentes ou espirituosos ou... mas não! Estou cansado de notícias - inclusive as de mim mesmo.

Não foi para ser jornalista que eu comecei a escrever. O que eu buscava - busco - é a tal da Beleza (assim mesmo, com maiúscula). Beleza das palavras, que também se chama poesia, mas que vem de outro lugar e só depois, com muita sorte e cuidado, se transmuta em frases.

Não gosto especialmente de poesia, quero dizer, como ramo da literatura. Para mim poesia é mais do que literatura. Poesia é "A origem do mundo", de Courbet, é uma criança brincando, uma música instrumental, uma equação matemática, e até mesmo um poema.

Não gosto particularmente de Carlos Drummond de Andrade, mas em trechos e passagens, muitas vezes, concordo com ele, como neste poema, "Procura da Poesia", de "A Rosa do Povo",
"Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina."

É por isso que neste blog pouco se vai encontrar de notícias, e quando elas existirem é apenas para ver se delas consigo extrair algo atemporal, invariante, infinito, durável, enfim, belo. E se aqui não houver beleza alguma, a culpa é só de minha imperícia, de minha incapacidade de transformar meus desejos e visões em algo sólido: as vezes o pão que eu cozinho sai duro como pedra...

(imagem: uma rosa, da wikipedia)

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