terça-feira, 7 de julho de 2009

Branca de Neve


Em meio à toda a algaravia sobre a morte de uma celebridade li hoje, eu acho (estou ficando velho - não sei mais quando fiz algo), um texto no jornal em que a mensagem geral era "somos todos Michael Jackson". Para mim, esse é um ótimo exemplo do jornalismo - e da cultura - da elite brasileira: ela elite, só vê ela mesma, e os jornalistas são dessa - e/ou escrevem para essa - elite, e generalizam a partir dela. Espelho, espelho meu...

A maioria da população brasileira, eu incluso, nunca foi a um dermatologista e não sabe o que é Demerol (acho que isso foi um dos causadores da morte do popstar), e não tem nem dinheiro nem tempo para se preocupar com a depressão ou o envelhecimento. E, de onde vejo (sou casado com uma mulher negra, de uma família de negros), a maioria do povo brasileiro que é negra ou descendente de negros parece aceitar sua condição de negro ou pardo bastante bem (excetuando-se o uso de chapinhas, talvez).

Os jornais e os jornalistas adoram celebridades e os exaltam como se fossem divindades: eu, por minha vez, prefiro ser ateu, de verdade, ao menos nesse sentido - tento não ter ídolos, nem mesmo na ciência. Embora amante da ciência, eu não sou do tipo de pessoa que vai encontrar cientistas geniais para pegar autógrafos...

Mais conteúdo é o que eu busco, e menos brilho. Eu não quero estrelas nem espelhos, quero é calor e energia para sobreviver melhor nas noites frias de inverno, mesmo que isso venha de corpos negros.

(imagem: Branca de Neve em seu caixão)

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