sexta-feira, 10 de abril de 2009

Por que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor?

Numa reunião na casa de uns amigos, acabei pegando emprestado de uma amiga um livrinho interessante, "Por que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor?", de Allan e Barbara Pease, que li em três folegos. A impressão que fiquei é de que é um "livrinho", quase de auto-ajuda, escrito especificamente para mulheres, mas que mesmo assim é interessante.

Quando adolescente eu freqüentava muito a casa de uma tia que era costureira e, por isso, tinha uma imensa pilha de revistas femininas para que suas clientes pudessem escolher modelos. Fora a óbvia coleção de revistas "Manequim", havia montanhas de "Cláudia" e "Nova", que eu, como nerd curioso, folheava de quando em quando. "Nova" era uma maravilha para mim, principalmente pelos textos sobre sexo, e "Cláudia" tinha de vez em quando um ou outro seio à mostra...

Enfim, lendo o livrinho da minha amiga veio imediatamente à superfície da minha memória a estrutura dessas revistas voltadas para o público feminino. O texto cheirava a, sei lá, cor-de-rosa; ou o que se pode dizer de uma passagem como a seguinte (escrita em letras bem maiores do que as do corpo do texto, para se destacar)?

"As pessoas apaixonadas são mais saudáveis e resistentes às doenças. O amor faz bem à saúde."

Eu, pessoalmente, fiquei muito doente por conta de amor e paixões. E só passei a ter uma saúde melhor - bem melhor mesmo - quando desisti de procurar essas coisas.

Mas para confirmar minha tese, o livro tem um teste no meio dele (30 perguntas com três opções de escolha, a, b ou c), para que o leitor possa verificar se seu cérebro é mais masculino ou mais feminino. Quer coisa mais feminina do que um teste desse tipo? Como disse Luis Fernando Verissimo, em sua crônica "Homem que é homem" (título abreviado como HQEH),

"Se você escolheu a resposta a para todas as situações, não é um HQEH. Se você escolheu a resposta b, não é um HQEH. E se você escolheu a resposta c, também não é um HQEH. Um HQEH não responde a testes. Um HQEH acha que teste é coisa de veado."

Não me considero veado, mas fiz o teste (é, não sou um HQEH). O resultado? Deu que eu tenho um cérebro que não é supermasculino, nem superfeminino (ainda bem), e sim quase no meio do caminho entre os dois extremos (mas ainda masculino, mesmo que por pouco, mas não sou mesmo um HQEH).

De qualquer forma, recomendo o livro. É uma leitura leve, que bate numa tecla importante: nós, homens e mulheres, somos animais e somos diferentes, embora sejamos da mesma espécie - somos animais com estratégias diferentes para a sobrevivência e reprodução. Concordo plenamente com a conclusão do livro:

"É incrível que, começando o século XXI, as escolas ainda não tenham incluído nos currículos o estudo do relacionamento homem/mulher. Preferem mostrar ratos em labirintos e cachorros salivando quando toca um sino. A ciência é lenta, e os resultados demoram a chegar às escolas."

Se a escola tivesse me dado uma mão nesse campo, séculos atrás, eu não teria perdido tanto tempo para descobrir o óbvio:

"But I should have known this right from the start
Only hope can keep me together
Love can mend your life
but love can break your heart"
(Trecho da letra de "Message in a Bottle", do grupo The Police)

(imagem: Pandora, a primeira mulher, e sua caixa, onde ficou a esperança, numa pintura romântica do século XIX)

3 comentários:

Ruth Mendes disse...

Caro Dedalus,

ter o conhecimento sobre as diferenças entre homens e mulheres é um verdadeiro achado. Recentemente li em uma dessas revistas que você mencionou, que os homens não suportam o momento em que a mulher propõe "discutir a relação". Sabendo disso o melhor a fazer seria abandonar essa prática e condenar essa expressão ao ostracismo. Os homens é claro deveriam descobrir o que detestamos...
Sobre amar e sofrer, a nossa vã filosofia tem uma posição:" Amar é se apegar, e se apegar é sofrer. Nessas condições como conceber um amor feliz?" André C. Sponville

Um abraço.
Ruth

Rafael Reinehr disse...

Dedalus, assim como você, tive uma pré-adolescência recheada de Novas e Cláudias. Minha tia assinava ambas, e sempre as devorava - talvez porque sempre tenha gostado muito de ler e minhas revistas em quadrinhos acabavam em 15 minutos...

Acabei aprendendo uma boa porção sobre as mulheres-meninas tanto que, por muito tempo, elas foram minhas melhores amigas.

Também passei meus perrengues amorosos e quem pode dizer que eles realmente acabaram?

Um texto suave, diferente de outros tantos seus, mas gostoso de ler.

Dedalus disse...

Cara Ruth,

Não sei se amar é se apegar: hoje, para mim, amar é admirar, e apego é um erro - sou simpático ao budismo, onde se prega que tudo é impermanente. A vida é uma mandala, feita de areias coloridas, que o vento sopra... Eu preferia que não existissem diferenças entre homens e mulheres, mas não fui eu quem criou o mundo. Assim, como homem com essa visão, só me resta admirar as mulheres. Pena, para mim, que a recíproca não seja necessariamente verdadeira.

Caro Rafael,

Sorte sua poder ter tido amizade com mulheres-meninas. Na maioria das vezes o que eu consegui delas foi sempre outro tipo de relacionamento, aquele que só existia em meus sonhos. Obrigado por dizer que essa postagem foi suave - só que isso quer dizer que eu geralmente sou áspero?

Um abraço!