domingo, 13 de julho de 2008

O céu da mente


Eu sei juntar palavras, umas após as outras, mas não sei se o que elas formam é algo com sentido. Outros podem fazer isso com muito mais coerência e, certamente, com muito mais competência.

Não, eu não escrevo: o que eu crio são nuvens, frágeis e confusas, sopradas pelos meus pensamentos. Nuvens, mesmo, como as reais, que fazem parte de um ciclo maior - da água, que evapora dos mares, se resfria e condensa na atmosfera, para se precipitar como chuva e voltar, por rios, aos mares. Pois é, as minhas também fazem parte de um ciclo infinito: do oceano dos meus dias sobe algo que se acumula na atmosfera até que as palavras, frias o bastante, se formem e chovam sobre mim, que as apanho só para soltá-las de novo no oceano...

Meu mundo é apenas um mar de nuvens, sem fim, encobrindo o sol e formando a linha demarcatória dos limites entre os céus e a terra.

(imagem: nuvem formada por um programa de computador a partir de minhas postagens, onde o tamanho relativo de cada palavra indica a freqüência com que eu a usei; a palavra "imagem" se destaca por haver em cada postagem uma descrição iniciada por ela, mas logo atrás vêm as palavras "ser", "mundo" e "algum", o que faz algum sentido, já que o mundo é apenas uma imagem...

Um comentário:

Beatriz Vieira disse...

Olá
Esse post me fez lembrar poema de Drummond: "A procura da poesia"..
abraço