quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Any colour you like


Li num blog de um amigo uma discussão interessante sobre os conceitos biológicos de espécie - parece que os biólogos não tem uma definição única, satisfatória em todos os sentidos. Biólogos são mesmo uma espécie complicada...

O problema, porém, parece não ser apenas da biologia: estou estudando japonês e uma das palavras que aprendi - "aoi" - pode significar azul e verde (isso mesmo: basta procurar num dicionário online para ver essa indefinição).

O que parece é que a "categoria" cor é uma invenção humana. O Sol, por exemplo, emite luz em faixas contínuas, que a gente enxerga como branco e, por isso mesmo, essa cor branca pode ser explicada como composta pela mistura de todas as cores. Um prisma separa a cor branca em um arco-íris, mas as diferentes cores aparecem lado a lado - assim, num arco-íris, onde termina o amarelo e começa o laranja? Há amarelos mais alaranjados e laranjas mais amarelados... A diferença entre o que é considerado uma espécie e o que é considerado outra muitas vezes é quase assim também: basta uma mudança sutil, de base genética.

Pois é: na natureza as gradações, em geral, não são descontínuas - entre o 1 e o 2 há o 1,4, o 1,4142, o raiz de 2, e assim sucessivamente. E ir do 1 ao 2 pode envolver infinitos passos, especialmente em sistemas complexos, como são os sistemas envolvendo a vida. Ainda bem que eu não sou biólogo...

(imagem: de que cor são os círculos e os quadrados? A resposta é interessante... O título dessa postagem vem de uma música do Pink Floyd, que aparece no disco "The Dark Side of the Moon", cuja capa é um prisma.)

4 comentários:

Charles Morphy D. Santos disse...

Realmente o estabelecimento de limites para algo que é contínuo é uma tarefa complicadíssima. Antes da teoria da evolução isso era quase trivial. Hoje sabemos que os fronteiras que separam espécies por vezes são muito tênues.
Há exemplos de espécies de abelhas que são morfologicamente idênticas, mas que constróem ninhos com a entrada diferente. Elas não se reproduzem no ambiente natural, apesar de haver compatibilidade. O reconhecimento (por parte delas) de que são espécies distintas se dá a partir da identificação do tipo de ninho que fazem...
A natureza não "respeita" o que queremos! É comum dizermos coisas como "Espécie tal, você não DEVERIA estar aqui!" ou "não é possível que vocês duas não sejam da MESMA espécie!". Esse é o desafio humano: tentar categorizar e explicar de forma racional um universo que simplesmente existe e que não dá a mínima para nossas idiossincrasias...

Anônimo disse...

Dedalus,

Vc já imaginou o que dá a mistura de Quero-quero com Pica-pau???




Essa o Morphy já conhece...

KNX

Nivaldete Ferreira disse...

Licença!... Buscando imagens do cosmos, encontrei um site e, nele, um comentário seu em que destaquei: "As estrelas não discutem, só brilham". Achei maravilhoso. Coisa de sábio oriental. Um abraço!

Dedalus disse...

Cara Nivaldete,

Obrigado pelo elogio, mas relendo o que você encontrou, fica difícil hoje, para mim, acreditar que fui eu quem escreveu aquilo. Talvez, então, tenha sido um espírito que baixou em mim e me usou. Creia-me: eu não tenho nada de sábio nem de oriental...

Um abraço (e seja bem-vinda)!