quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
O mistério de Sirius
Estou em meu período de férias há cerca de 20 dias (um pouco mais, talvez). E só ontem, sem as crianças por perto (elas foram ao cinema, ver "Astroboy"), me dei conta de que realmente estou em férias e de que poderia fazer coisas que me agradam e que geralmente não tenho tempo para fazer. Seguindo o caminho das crianças, pensei: "vou ao cinema!" Mas aí vi as opções e, bem, desisti: melhor gastar tempo lendo alguma coisa. É muito mais fácil achar algo interessante para ler do que algo interessante para assistir.
Nem todo livro aparentemente saboroso o é de verdade. Tenho vários livros que comecei a ler e parei, tendo perdido o interesse. Um exemplo? Um livro de Richard Dawkins, "A grande história da evolução", que é, realmente, grande, grande demais. Outros livros, porém, são como pacotes de doces que não se consegue parar de comer. Comigo funcionou assim o livro "Os erros de Einstein", de Hans Ohanian, que dá uma excelentíssima revisada em muitos conceitos e histórias da física moderna. Foram mais de 400 páginas que li em pouco tempo, com gosto de "quero mais".
Ontem, então, fui até uma livraria de um shopping, onde demorei a encontrar a prateleira de livros de ciência, que, na verdade, não existia: o que havia, entre dezenas de estantes de "esoterismo", "auto-ajuda", "direito", "literatura estrangeira", "literatura nacional" e sei-lá-mais-o-quê, era uma prateleira com o nome "outros assuntos".
No fim, escolhi dois livros dessa prateleira (um de matemática, "A solução de Poincaré", e outro sobre astrobiologia, "Planetas solitários") e fui a um vendedor perguntar sobre a existência ou não de um título de ficção científica. O rapaz, que rapidamente me atendeu, viu minhas escolhas, me ajudou a procurar o outro livro (que a livraria não tinha nem em seu catálogo geral) e sugeriu amistosamente um outro título: "pelo que você pegou, sei que você vai gostar".
Eu agradeci, fiquei só com o que já tinha pego e fui para outra livraria, onde comprei "Cabeza de Vaca", livro de Paulo Markun, que eu queria ter escrito (já contei algo da história de Cabeza de Vaca aqui nesse blog, história que li em inglês, anos atrás).
Nessa última livraria havia uma fila no caixa, e um senhor, na minha frente, se virou para comentar comigo: "ainda bem que aqui não corremos o risco de levar uma tacada na cabeça". É, eu pensei, ainda bem, me lembrando do vendedor da primeira livraria que, solícito, me levou até a estante de livros esotéricos, onde, vendo o que estava em minhas mãos, me ofereceu "O mistério de Sirius".
(imagem: Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno, numa imagem do telescópio Hubble)
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Um comentário:
Caro Dedalus,
Como é que você despreza "novas evidências de contatos com alienígenas há 5 mil anos"????
Que vergonha! Hahaha!
Abraço
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