Li hoje, na Folha de São Paulo, sob o título "Xícara de cafeteria vira suvenir clandestino", que "clientes da rede Starbucks estariam levando objeto de lembrança para casa" - na reportagem, aparece até a frase "clientes levam mesmo, é da cultura do brasileiro", dita por "funcionário de loja da rede de cafeterias Starbucks, que não se identificou, sobre o sumiço de 90% das xícaras em um mês".
Tá bom, não deve ser roubo: é da cultura brasileira mesmo, é só coleção... E quem faz esse tipo de coleção? Basta buscar no Google: "Adoro o café de baldão da Starbucks', diz Marina Person, VJ da MTV, que coleciona as canecas térmicas da loja." E, como se sabe, pessoas como Marina Person são a elite brasileira, logo, está tudo bem.
E eu me lembrei de uma outra história, bem antiga:
"Maria Aparecida de Matos, 24 anos, empregada doméstica, mãe de dois filhos, privados no momento do convívio com a mãe, está presa há quase um ano em São Paulo porque teria tentado furtar um xampu e um condicionador em uma farmácia (cf. matéria de Gilmar Penteado, Folha de S. Paulo de 12.04.05, p. C1). Mal sabe desenhar o nome e, depois de ter sido agredida dentro do presídio, acabou perdendo a visão do olho direito."
Pois é: Maria Aparecida... Se ainda fosse Marina, podia ter sido desculpada, mas com esse nome... A ela a lei, o olho por olho, e aos outros a beleza de uma caneca nova em casa.
(imagem: ilustração do livro Os miseráveis, de Victor Hugo)
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