quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O mundo como vontade e representação


As palavras, me lembra um amigo filósofo, são algo além delas mesmas. Quando eu, alfabetizado, leio num texto a palavra "maçã", eu vejo algo que não está lá de fato, um objeto, uma fruta, que não precisa ser igual a nenhuma fruta que exista no mundo real.

Em outras palavras, as palavras são signos que servem para representar coisas maiores que elas, as palavras. Seria o mundo, também ele, um texto, com suas palavras sendo signos que representam coisas?

Quando eu vejo uma maçã, eu estou vendo uma maçã ou apenas lendo no texto do mundo a "palavra" maçã, uma representação de algo maior que o que eu vejo? Será que o meu cérebro foi alfabetizado para ler o mundo do jeito que nós homens o lemos? E se, sendo assim, eu me deparar com outros signos que não fazem parte do alfabeto que eu conheço?

O mundo como representação: a idéia não é minha, nem é nova. O que é meu é a minha vontade de entender as coisas e navegar na realidade além da realidade...

(imagem: uma representação de Schopenhauer, filósofo que escreveu o livro de onde saiu o título desta postagem; eu sei, eu deveria era citar outro filósofo, o fundador da semiótica, mas eu gosto do título do Schopenhauer...)

Um comentário:

Anônimo disse...

A linguagem, assim como o mundo, são sistemas. A linguagem oral é um sistema de signos que o homem criou para se comunicar, logo para representar sua visão do mundo. Um sistema modelo para representar o sistema objeto. Quando usamos um modelo, apesar de nosso foco ser o objeto, nossa atenção involuntariamente se desvia do objeto representado e se coloca sobre o modelo. Ou seja, somos de certa forma enganados, pois o objeto representado sempre nos escapa. A linguagem, como todo modelo, é precária – às vezes mais, às vezes menos - para representar nossas idéias e sentimentos, mas é tudo o que temos para comunicar nossa realidade subjetiva e nossa restrita realidade objetiva - nosso mundo, enfim. Assim também é a ciência: “Toda nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.” (Albert Einstein). Quem conhece a aflição e o medo por tomarmos como realidade universal nossa restrita e particular realidade objetiva sabe que a ciência é a coisa mais preciosa que temos. E também que é primitiva e infantil. Talvez a coisa menos infantil e mais delicada seja admirar as estrelas do céu que nos protege.