quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vôo noturno


Passando a mão pelo cabelo dela, fechei os olhos e me vi folheando um livro grosso, de folhas finas e translúcidas de papel bíblia, todo escrito em letras pequenas, preto no branco, que tive dificuldade em entender.

Disse isso a ela, e tive uma resposta inesperada: "Você não tem uma caixa de lápis de cores ou um estojo de pincéis e tintas, mas uma caixa de palavras, que sabe usar para fazer desenhos interessantes!"

Fechei os olhos de novo e vi três sóis desenhados em estilo infantil, um abaixo do outro, numa folha de papel sulfite branco e, em seguida, um quadro noturno desenhado em aquarela, com apenas duas cores fortes, um céu azul escuro encobrindo uma árvore com um balanço, ambos em preto, sem nuances ou detalhes, mas onde se via uma criança.

Me senti calmo como nunca e dormi logo, sem sonhos, embalado por imagens, palavras e o calor da presença dela.

(imagem: meu sonho de consumo quando criança; o título desta postagem vem de eum livro de Antoine de Saint-Exupéry, mais conhecido pelo livro "O Pequeno Príncipe", que tem aquarelas maravilhosas...)

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