sábado, 1 de setembro de 2007

Eu, robô

Bem, hoje é sábado, que é dia de feira na porta de minha casa. Fui a ela e aproveitei para ir à banca de revista também. Xeretando, me chamou a atenção a capa da revista "Galileu", onde se podia ler "Você, animal - agimos por instinto tanto quanto os outros bichos".

Fiquei curioso, comprei a revista e achei o texto muito bem feito, o que, pela minha experiência, não é comum em uma revista brasileira. Bingo! Fuçando na internet, encontrei um texto que discute o papel da consciência no comportamento humano (há gente fazendo pesquisa sobre isso!), retirado da revista "New Scientist": é o mesmo texto da "Galileu"...

De qualquer forma, a idéia básica do texto é que "talvez a melhor forma de entender o comportamento humano seja ignorar o lado racional", pois "provavelmente não somos os sábios racionais que pensamos ser": "muito do comportamento humano é automático e determinado somente pelo instinto". Muito? Quanto é muito? "Quase tudo que fazemos é automático", ou, nas palavras de um dos pesquisadores entrevistados no artigo, "Estou cada vez mais inclinado a concluir que a consciência é algo sem importância".

Exageros à parte, é fácil ver que na maior parte do tempo somos robôs animais. Robôs controlados por nossos genes, provavelmente, fingindo ou - pior - acreditando que somos muito mais que isso.

Tal visão não me agrada mas, em tudo que me cerca, sou forçado a aceitá-la - ela me invade como um cheiro que a tudo permeia, e que aparentemente quase ninguém mais parece sentir. Pena: desse modo não vejo se abrir a porta para qualquer possibilidade de redenção da humanidade a curto ou médio prazo.

Fico com a impressão de que Sócrates, com seu "conhece a ti mesmo", uma novidade de 2400 anos de idade, não seria condenado hoje. Acho que ele não seria sequer ouvido: ninguém parece querer se conhecer de verdade.

(imagem: A morte de Sócrates, de Jacques-Louis David, século XVIII)

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