William James veio ao Brasil quando ainda tinha 23 anos, é o que me dizem. Passeou pela Amazônia, onde se encantou com uma moça de lá, que ele descreveu como "minha rainha da floresta, minha flor do trópico". E isso era no século XIX! Ao que me parece, é coisa bem típica de gringos essa de se encantar com as mulheres brasileiras, e independe da época...
Mas não foi o 'turista' William James que me encantou, e sim o escritor, ou filósofo, ou psicólogo, 'inventor' do fluxo de consciência. Eis um trecho de seu "Pragmatismo":
"Nego firmemente que a nossa experiência humana seja a mais elevada forma de experiência existente no universo. Creio, isso sim, que a nossa relação com todo o universo é praticamente a mesma que os nossos caninos e felinos de estimação mantêm com a vida humana. Eles habitam nossas salas de estar e bibliotecas. Participam de cenas de cuja significância não fazem a mínima idéia. Eles são apenas tangentes a curvas da história, cujos começo, fim e formas passam inteiramente fora de seu alcance. E assim somos tangentes à vida mais ampla das coisas."
Não me surpreende que poucos o conheçam: como ele ousou comparar-nos a cães e gatos? Eu, que nunca estudei filosofia ou psicologia a sério, não ouso, porém, discordar dele. Prefiro uma frase do irmão dele, Henry James, que como escritor 'psicológico', devia saber do seu ofício: "gatos e macacos, macacos e gatos - toda a vida humana está aí" (a frase aparece em "A madona do futuro"). Mas eu sinceramente acho que nos falta a graça dos gatos...
(imagem: Gato de Cheshire, ilustração de John Tenniel, para "Alice no País das Maravilhas")
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