sábado, 6 de dezembro de 2008

Einstein


Bem, já faz algum tempo, uns quinze dias - ou mais - mas fui ao Ibirapuera ver uma amostra sobre Einstein. Saí de lá algumas horas depois, com uma caneca de 18 reais, e desanimado.

Vamos lá: no saguão, junto à bilheteria, havia um estande vendendo coisas sobre Einstein e lembranças da exposição. Havia alguns livros - e eu descobri que tenho e li a enorme maioria deles. Na verdade, a minha biblioteca pessoal tem muitos mais livros sobre Einstein. Ou seja, acho que sei algo sobre o sujeito. Além disso, sou professor na área de física. Ou seja, eu sei um pouco de relatividade, dentre outras coisas.

O que me frustrou na mostra? Ela me pareceu pobre demais, focando principalmente no lado humano de Einstein, e não deixando muito claro qual a importância dele para a ciência. Tá bom, fica claro que ele foi um grande homem, a equação E=mc2 estava lá, mas...

Mas o quê, homem? Bem, bem, bem: foi Einstein quem abriu as portas para as duas maiores revoluções conceituais da física - a unificação do espaço com o tempo (essa é a relatividade), e a elevação da incerteza e do acaso a um papel central no universo (essa é a mecânica quântica). Einstein pode até não ter gostado do resultado dessas revoluções, mas até suas críticas foram extremamente relevantes (um dos trabalhos mais importantes de Einstein é o do paradoxo EPR, que consiste numa "experiência pensada" destinada a mostrar que a mecânica quântica não é uma teoria completa).

Acho que o tamanho da contribuição intelectual de Einstein, de longe o mais brilhante cientista dos tempos modernos, não ficou claro na exposição. Faltou o confronto entre o pensamento antes de Einstein e depois dele. Faltaram mais brinquedos como o "simulador de movimento browniano", ou o "simulador de buracos negros" (que comeu cinco centavos meus). Faltou mais luz. Faltou deixar claro que Einstein poderia ter ganho uns cinco Prêmios Nóbel, mas só ganhou um, por uma das menores das suas contribuições. E faltou, meu Deus, muuuuuito mais da cosmologia moderna, que é filha direta do trabalho de Einstein.

Como eu disse a um amigo, num rasgo de humildade, eu faria melhor se a exposição estivesse a meu cargo. Falando seriamente, acho que faltou deixar a exposição a cargo de alguém que realmente visse Einstein como modelo...

(imagem: a mecânica quântica e a relatividade relaxando)

2 comentários:

Ana Paula disse...

1) Como se diz em portugês de Portugal, "se calhar" você tem razão sobre melhorar a exposição.
2) Já repararam que o queixo do Einstein é igual do George Clooney? Desculpe, mas não tenho tantos livros sobre ele como você!

Dedalus disse...

Cara Ana Paula,

Acho que preciso olhar mais para o George Clooney... Eu só o vi mesmo há muito tempo atrás, no "Plantão Médico".

Um abraço!