quarta-feira, 13 de maio de 2009

Felicidade



Um comentário numa postagem anterior me levou até um texto muito interessante, intitulado "What makes us happy?", sobre um estudo de psicologia que acompanhou diversos homens por mais de 70 anos. O texto é longo, em inglês, mas tem várias histórias que compensam mesmo a leitura.

Nesse texto, que é jornalístico, há várias pérolas, como essa: "adaptações maduras são uma alquimia da vida real, um modo de transformar a escuma de crises emocionais, dor, e perdas no ouro da comunhão humana, realização e criatividade. “Tais mecanismos são análogos à graça involuntária pela qual uma ostra, se deparando com um irritante grão de areia, cria uma pérola,” ... “Os humanos, também, quando confrontados com irritantes, se envolvem em um inconsciente mas frequente comportamento criativo.” E dentre as adaptações mentais que as pessoas usam para enfrentar a vida as mais comuns parecem ser as distorções da realidade, com o esquecimento de coisas desagradáveis, e o realçamento de lembranças agradáveis.

De acordo com a reportagem, alguns fatores - sete - podem predizer quando uma pessoa vai ter maior chance de envelhecer com saúde: o uso de adapatações maduras, uma boa educação, um casamento estável, não fumar, não abusar do álcool, fazer algum exercício, e ter um peso saudável. Há grande importância em se ter intimidade e amor, e a depressão se mostrou algo com grande probabilidade de diminuir o tempo de vida.

Mas, para mim, o melhor foi o resumo do estudo foi feito pelo atual responsável que, quando perguntado sobre o que aprendeu com ele, respondeu graciosamente que era que “a única coisa que realmente importa na vida são seus relacionamentos com outras pessoas.” Eu sempre imaginei isso, mas sei que nem sempre é possível se relacionar com outras pessoas, e especialmente de forma agradável, com prazer para ambos os lados.

Eu nunca quis ser o Super-Homem, nem nunca tive vocação para isso - e parece que se eu quiser envelhecer bem terei mesmo que ficar longe da fortaleza da solidão. Mas isso não depende só de mim, e no que depende de mim, creio que não me resta muito senão ser criativo: se eu já não fizesse isso, acho que iria escrever num blog...

(imagem: campanha de rede de supermercados com trilha cantada por Seu Jorge)

3 comentários:

Ruth Mendes disse...

Caro Dedalus,
você sabe, enquanto exercita e expõe sua criatividade, alimenta a imaginação e a criatividade de outros.
Zeus tinha consciência de que a força dos humanos residia na união com o outro. Por isso partiu o corpo de cada um deles com o seu fio de cabelo.
Nós também sabemos disso, só que de maneira primitiva e intuitiva. Mas há um momento em que a consciência se instala na nossa mente(às vezes tarde demais) E não foi porque tomamos conhecimento através de um estudo de psicologia.É chegada a hora de saber.
Um abraço.
Ruth

Dedalus disse...

Cara Ruth,

O que seria de mim sem seus comentários? No entanto, devo replicar quanto a este último: "Zeus tinha consciência de que a força dos humanos residia na união com o outro", mas eu não... Para mim, "l'infer sont les autres" (a frase é de Jean-Paul Sartre - o inferno são os outros). O problema (meu, é claro) é que eu sempre pareço ser um dos outros, até para mim mesmo.

Um abraço!

Ruth Mendes disse...

Dedalus,

o que seria de mim sem os seus posts?
Viu como o "outro" pode ser a salvação e não o inferno?

Um abraço

Ruth