domingo, 22 de novembro de 2009

Lua Nova



Eu já escrevi sobre "Crepúsculo" aqui antes, e na postagem imediatamente anterior a essa reclamei de ir a uma livraria para só encontrar coisas como "Crepúsculo" e "Lua Nova". Pois bem, meu amigo Hermenauta desencavou uma bela análise sobre essa série de livros para adolescentes, tão boa que eu deixo aqui um "resumo":
"A série Crepúsculo criou um surpreendente novo sub-gênero de romance adolescente: o pornô de abstinência, sensual, erótico e excitante."
"Os livros Crepúsculo fundem a perda de virgindade de Bella com a perda de outras coisas, incluindo seu senso de identidade e sua própria vida. Tal tratamento super-exaltado da abstinência reforça a idéia de que Bella é impotente, um objeto, um fato que é realçado quando se chega às cenas de sexo em "Amanhecer"."

"Edward tem todo o poder, enquanto Bella — e leitoras — romanceiam o homem perfeito que não existe."
Eu desconfiava que havia algo por trás desse negócio que é a venda de best-sellers para adolescentes, e acho que deve ser isso mesmo: vender para um bando de meninas ingênuas a idéia - que agrada a elas - de que pode existir romance sem sexo de fato (pode até rolar uma bolinação, uma pegadinha aqui, um toque ali, mas sexo mesmo, nananinanão). Tal idéia em si nem é tão ruim: só é irreal e infantil, tão irreal e infantil quanto achar que um vampiro pode ser um amante ideal.

Creio, porém, que há mais: parece haver motivações religiosas escondidas nas entrelinhas de "Crepúsculo" e suas continuações. A autora dos livros é mórmon, e - meninos, eu sei do que estou falando: fui batizado por eles e convivo com esse pessoal todos os dias - isso é, para mim, bastante assustador.

Em primeiro lugar, quem são os mórmons? Recomendo a leitura de "Pela Bandeira do Paraíso", livro de Jon Krakauer, mesmo autor de "Na Natureza Selvagem" (livro que deu origem àquele filme do adolescente que foge para o Alasca), onde se encontra um belo histórico dos mórmons. Eis o que escreveu alguém que comentou o livro: "Eu posso dizer com quase certeza que os mormons são meio doidos. As coisas que eles acreditam são da pá virada." A descrição desse livro no Submarino também é, digamos, interessante: "Um duplo assassinato praticado por mórmons fanáticos é o ponto de partida de Jon Krakauer para refletir sobre a natureza da fé e suas manifestações radicais. Ao tratar de temas como intolerância, violência, revelações divinas, poligamia e pedofilia. Pela bandeira do Paraíso reconta a história da religião mórmon e da eclosão de suas seitas fundamentalistas". Em tempo: o subtítulo do livro é "Uma história de fé e violência".

Em segundo lugar, eu posso deixar aqui minha opinião pessoal sobre os mórmons: eu não ficaria espantado se existirem de fato semelhanças entre a arquitetura da capital mórmon, Salt Lake City, e a arquitetura fascista (se não me engano, uma colunista da Folha de São Paulo apontou essa semelhança anos atrás).

Onde na série "Crepúsculo" entram as idéias dos mórmons? Há vários comentários a respeito, e um exemplo típico é uma lista que encontei na rede, no cache do Google, que é bem plausível. Deixo aqui apenas o primeiro item:
 "1. Os mórmons acreditam na deificação - você se torna um deus ou uma deusa através dos vários rituais e práticas deles. Certamente isso é o que os vampiros de Meyer's representam. Os deuses da Terra."
Por fim, repito aqui minha conclusão (que já estava lá em cima): isso é um negócio, feito para tirar dinheiro de meninas ingênuas, tal como eram o Menudo e coisas tais, mas é um negócio que acaba enchendo a cabecinha dessas meninas de idéias ridículas e infantis, o que facilita muito torná-las, quando elas crescerem, mulheres ridículas, infantis e manipuláveis. Pena: eu preferiria mais Maries Curies, mas vejo que é mais fácil encontrar vampiros (disfarçados de mórmons, talvez, ou vice-versa, ou sei lá...).

(imagem: uma vampira clássica, numa cortesia da wikipedia)

2 comentários:

Karl disse...

Pô, Dedalus. Que texto interessante! Achei, entretanto que o exemplo da Marie Curie foi bem anticlimático. Ela não caberia nesse texto nem a fórceps. Ou você acha que ela e seu prêmio Nobel têm o mesmo apelo sexual que uma vampira daquelas bem sensuais? ;)

Dedalus disse...

Caro Karl,

Eu gosto de fazer uns sanduíches pouco ortodoxos, onde há frango, geléia de morango e doce de leite. É o meu gosto, fazer o quê?

Um abraço!