quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Como vejo o mundo


Tenho viajado muito pelo mundo da internet. E quase sempre me deparo com sites reproduzindo imagens e frases apanhadas em outro lugar. Imagens, há muitas: infinitos sites e blogs apresentam principalmente fotos sensuais, eróticas ou simplesmente pornográficas. Sexo sempre dá audiência. Quanto às palavras, é muito fácil achar uma infinidade de poemas e textos 'bonitos', tirados de algum livro ou de outro site, ou então comentários sobre os acontecimentos mais recentes.

Eu não queria fazer nada disso. Minha praia é outra. Enquanto muitos sonham com - e correm para - as badaladas cidades do litoral, eu me satisfaria muito bem com outras esquecidas paragens, no interior do Brasil, ou em alguma cidade européia com museus: entre Copacabana e Ipanema, eu ficaria bem com o Paço Imperial e a Candelária, uma excursão aos sebos no centro velho do Rio de Janeiro, ou alguma exposição no Centro Cultural do Banco do Brasil.

Morreram dois cineastas importantes esta semana, Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Pena: parece que o mundo fica mais pobre. Fica? Para mim, eles, os cineastas, não eram importantes, mas sim algumas de suas obras, que ficaram, e que podem servir como exemplos de beleza, como exemplos de criação e fonte de inspiração, não como souvenirs para serem exibidos por quem quer dizer "Eu vi isso" do mesmo jeito que turistas mostram fotos para dizer a outros "Eu estive lá".

Não, eu não quero apenas saborear o mundo: gastronomia não está entre os meus hobbies, nem cinefilia, nem turismo, e acho que isso me define como uma espécie de aberração, um ser não-burguês num mundo burguês por excelência. Eu nunca quis ser burguês. Eu nunca quis ser médico ou advogado, por não querer ser igual aos médicos e aos advogados, vestidos de forma impecável: achei isso escrito claramente num caderno meu de quarta série, escrito com minha letra infantil de dez anos...

O que eu queria, o que sempre quis, desde criança, simplesmente, era amar, conhecer e criar. E Deus sabe como isso é difícil... Mais fácil é se ligar a alguma tribo e caminhar em grupo, citando fontes comuns para dizer "sou como vocês, jogo o mesmo jogo". As citações são fundamentais: se você não é citado ou publicado, você não existe. Mas e aqueles que estão olhando para o outro lado, para o que ninguém quer ver, que ninguém quer saber que existe? Silêncio...

Meu modelo de ser humano e de artista, não é nenhum cineasta ou escritor ou poeta, e sim outro tipo de artista: Albert Einstein, que escreveu uma belíssima obra, tão pouco lida. Fazer o quê? Deixo aqui, para terminar, uma citação, curta, breve, dele, que pode servir para reflexão:

"O homem solitário pensa sozinho e cria novos valores para a comunidade. Inventa assim novas regras morais e modifica a vida social. A personalidade criadora deve pensar e julgar por si mesma, porque o progresso moral da sociedade depende exclusivamente de sua independência."
(imagem: retrato de Albert Einstein, pintado por Harm Kamerlingh Onnes)