Segundo essa mesma reportagem, a "blogosfera é muito competitiva e masculina, é um jogo em que, para você ganhar, alguém tem que perder. Não é um lugar para conversas ponderadas." Provavelmente, isso é verdade, mas acho que o que essa frase diz sobre a blogosfera se aplica mesmo é a muita coisa em geral, e a uma em particular: troque nela a palavra 'blogosfera' por 'mundo' e veja o efeito.
Quanto a mim, sei o meu lugar. Na periferia, debaixo de um ponte, num quarto empoeirado, num lugar esquecido: não sou 'masculino', viril, agressivo, não jogo para ganhar, nem mesmo para empatar; jogo por não ter nada mais a fazer, por ser obrigado, por estar aqui.
E me lembro de Emily Dickinson, uma mulherzinha muito interessante que encontrei uma vez numa edição barata de uma liquidação de uma livraria de São Paulo:
"I'm nobody! Who are you? / Are you nobody, too? / Then there's a pair of us - don't tell! / They'd banish us, you know."
(Sou ninguém! Quém é você? / Ninguém, também? / Então há dois de nós - não espalhe! /Eles nos baniriam, você sabe.)
Segundo o que li, Emily Dickinson quase nunca saiu de casa, "não foi sequer ao enterro dos pais". E no entanto está aqui comigo, em meus pensamentos, anos depois de ter morrido, mesmo desconhecida e não lida em seu tempo ("sua poesia só se tornou conhecida depois de sua morte").
O que eu quero dizer com minhas palavras, mesmo sabendo que podem estar sendo ignoradas, juntando-se ao som do vento? Sei lá. Emily Dickinson me ajuda:
"Beauty is not caused. It is." (A beleza não tem causa. É.)
Não sou belo, nem escrevo belas palavras. Mas sou, e permaneço, como estas palavras, nem que seja por um instante.