Numa votação recente o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, foi colocado entre as "novas sete maravilhas do mundo". Nada contra. Já estive lá, mais de uma vez, e a vista lá é mesmo fantástica.
Já vi outros Cristos também, no interior de São Paulo, no interior do Mato Grosso, em cidadezinhas quase esquecidas, que poucos conhecem. Quantos deles haverá no Brasil? Não sei se alguém já fez essa conta. Enfim, o Brasil é um país muito grande. Poucos são os brasileiros que sabem do seu tamanho, que o conhecem. Nem mesmo seus descobridores o conheceram: no Brasil cabe quase uma centena de Portugais.
Portugal, pequeno, não tem maravilhas na lista em que aparece o nosso Cristo. Não há, porém, o que chorar, caros amigos lusitanos: eu trocava, de bom grado todos os Cristos do Brasil por uma só página de Fernando Pessoa. A pedra de que o Cristo é feita ficará velha e precisará de retoques e reformas, o Rio de Janeiro provavelmente ficará mais sujo, mas a poesia de Pessoa, essa nunca ficará mais feia, e é uma maravilha que eu posso ver hoje, e amanhã, sem gastar um tostão, e sem me submeter ao risco de encontrar balas que alguém perdeu.
O Brasil é grande, mas os brasileiros grandes, ah!, são tão poucos... Talvez mesmo só um Cristo gigante - ou uma multidão deles - para nos redimir.
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