Houve uma época em que eu ia ao cinema com freqüência, pelo menos uma vez por semana. E foi depois do final de um filme, que eu percebi, com enorme espanto, que estava perdido, completamente desorientado, sem noção de onde eu estava ou de como chegara ali.
Naquela época eu tinha juventude, imaginação e iniciativa. Assim, corri até o campo aberto mais próximo e subi em um balão, construído por mim mesmo. Sim, eu fiz um balão de tão grandes dimensões que uma descrição de toda a seda contida nele iria aos limites da credibilidade. De qualquer modo, conforme o balão foi subindo, pude ver os arredores, ampliando meus horizontes. Subi mais e mais e mais até que comecei a ter uma visão geral do mundo lá embaixo, tal qual a que se tem em fotos aéreas ou em mapas.
E era isso que eu queria: em todo mapa se pode ver escrito o nome dos lugares e as linhas de fronteiras, de modo que eu pude não só ler no chão o nome da cidade onde eu me encontrava como também ver as terras vizinhas e seus nomes. Desci e, no solo, fui capaz de saber que caminho seguir dali em diante.
Isso aconteceu há muito tempo atrás. Hoje, em tempos de cinemas tomados por filmes infantis que não me empolgam, e quando se tem o Google Earth à disposição, eu nunca faria isso: fico sempre sentado em minha cadeira, e se precisar me preocupar em como cheguei aqui - ou se quiser procurar qualquer coisa - tenho a internet (e meu blog) para me ajudar.
(imagem: ilustração de Gustave Doré para The Surprising Adventures of Baron Munchausen)
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