sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

The american religion


Havia um problema na minha família que precisava de uma solução urgente - eu sugeri uma maneira de resolvê-lo, pedindo que se evitasse uma outra determinada solução, pois essa outra solução poderia ter alguns inconvenientes. Pois bem, a decisão da família foi fazer justamente do modo que eu pedi para ser evitado. Conclusão: hoje, às oito da manhã, fui acordado por um telefonema que informava que os inconvenientes que eu previ se realizaram.

Eu tive uma namorada que me disse que se alguém a avisasse que ela deveria frear para não bater na parede, aí é que ela iria acelerar.

Pois é, ninguém gosta de admitir que pode estar errado. Mesmo quando o erro aparece, as pessoas sempre encontram justificativas e explicações que dizem que não foi bem assim, que elas não erraram, que não houve erro.

Um exemplo histórico, pouco conhecido dos brasileiros, diz respeito ao fim do mundo. Na segunda metade do século XIX, quando a teoria da evolução, de Charles Darwin, foi lançada, ficou claro para os cientistas que, se a teoria estivesse certa, a Terra, nosso planeta, deveria ter uma idade muito maior do que a que se supunha até então, para que a vida houvesse tido tempo de evoluir, num processo naturalmente lento, de formas simples até formas mais complexas como as que vemos hoje.

Na época, uma idéia bastante difundida entre as pessoas é de que o mundo era jovem, com poucos milhares de anos. Várias estimativas da idade da Terra foram feitas tendo por base a Bíblia (inclusive por Isaac Newton) e todas elas davam como certo que a Terra seria muito jovem.

A mais famosa dessas estimativas foi pelo pelo arcebispo irlandês James Ussher, que chegou a estabelecer que a Terra teria sido criada no anoitecer do dia 23 de outubro do ano 4004 antes de Cristo, e com base numa dessas estimativas, propagada por um sujeito chamado William Miller, milhares de cristãos estadunidenses ficaram esperando o início do fim do mundo, com a segunda vinda de Jesus Cristo, para o dia 22 de outubro de 1844, num episódio que ficou conhecido como o Grande Desapontamento (essa história é contada, por exemplo, por Harold Bloom, no livro "The american religion").

Aparentemente, Cristo não veio, pelo menos do jeito que era esperado. É claro, porém, que logo se descobriu que não foi Cristo que não veio: as pessoas é que não viram Cristo. Eis o que diz a wikipedia:
"Eles se convenceram que a profecia bíblica previa não o retorno de Jesus à Terra em 1844, mas que Ele começaria naquela data um ministério especial no céu (juízo investigativo)."
É interessante o que aconteceu com um certo grupo:
"Miller baseou seus estudos da volta de Jesus em 1844 numa crença popular que dizia na época que "a terra era o santuário". Quando ele interpretou no livro de Daniel "purificação do santuário" seria a purificação da terra. Os Adventistas (que mais tarde originou os Adventistas do Sétimo Dia) ao re-estudarem as profecias, verificaram que o santuário a que se referia o livro de Daniel era o Santuário Celestial, pois quando Moisés iniciou a contrução do santuário com o povo de Israel ao saírem da escravidão do Egito, Deus lhes mostrou um modelo que era cópia do verdadeiro santuário. Vide os textos: "Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis... Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte." Êxodo 25:9, 40; "ORA, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem." Hebreus 8:1-2; "Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus." Hebreus 9:24. Do pequeno grupo que se recusou a desistir depois do "grande desapontamento" surgiram vários líderes que construíram a base do que viria a ser a Igreja Adventista do Sétimo Dia e deu origem à interpretação da profecia já citada."
Enfim, dizem que num casamento há duas partes envolvidas: uma que sempre está certa e o marido. Por uma questão de nascimento e genética, eu só posso ser o marido...

(imagem: segundo alguns estudiosos, que devem ser os únicos capazes de interpretar corretamente o calendário maia, o mundo acaba em 2012 - se cuida!)

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