sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O estrangeiro


Tem uma citação que não posso deixar de fazer:
"Um amigo meu saiu maravilhado depois de assistir a Avatar. Não parava de falar das montanhas flutuantes. E eu disse a ele: ‘Cara, seu planeta tem montanhas gigantescas de água. De água. Que flutuam em cima da sua cabeça todos os dias e quando viram chuva contribuem para o ciclo do líquido mais importante da sua existência’. A maioria vai de um lugar para o outro sem se dar conta da complexidade, maravilha e encantamento que é uma nuvem"

Ibrahim César, no 1001 Gatos de Schrödinger
Não posso deixar de fazer, por me fazer lembrar de outra coisa:
"- De quem gostas mais?, diz lá, estrangeiro.
De teu pai, de tua mãe, de tua irmã ou do teu irmão?
- Não tenho pai, nem mãe, nem irmãos.
- Dos teus amigos?
- Eis uma palavra cujo sentido sempre ignorei.
- Da tua pátria?
- Não sei onde está situada.
- Da beleza?
- Amá-la-ia de boa vontade se a encontrasse.
- Do ouro?
- Odeio-o tanto quanto vós a Deus.
- Então que amas tu singular estrangeiro?
- Amo as nuvens... as nuvens que passam... as maravilhosas nuvens!"

Charles Baudelaire, em "O estrangeiro"
A maioria, caro Ibrahim César, é como as nuvens: vão de um lugar para o outro, sem consciência, ao sabor dos ventos, e sem perceber a beleza da paisagem.

(imagem: nuvens, vistas por cima, na Wikipédia)

Nenhum comentário: