domingo, 21 de março de 2010

O paradoxo sexual


Como professor universitário que sou, participo de dois programas de pós-graduação - física e ensino de ciências. No grupo da física, há uns 30 ou 40 docentes cadastrados, sendo que apenas três são mulheres. No grupo de ensino somos algo entre 15 e 20 pessoas (na última reunião éramos 16) e pelo menos dez são mulheres.

Isso é algo que me assusta, há muito tempo: as mulheres, de uma forma geral, não gostam de física como eu gosto. Isso parece significar que são pequenas as chances de existir uma mulher que queira saber, como eu quero, com a disposição e dedicação que eu tenho, como o mundo funciona.

Culpa da biologia, culpa da cultura, tanto faz: há diferenças de gênero. E eu sinto muito por elas existirem: só nos afastam. Eu preferiria que existisse uma coisa só, chamada de alma humana, sem gênero, só intelecto e emoção, sem preferências ou influências sexuais. Mas tudo isso parece ser bobagem: o que há somos nós, animais que pensam que pensam, presos a hormônios e regras sociais, e o resto é ilusão.

Torço para que eu esteja errado, e eu possa escolher, numa próxima encarnação, nascer mulher, ou golfinho: eu gostaria de saber como é ser diferente de quem eu sou.

(imagem: detalhe de imagem presente na sonda Pioneer, indicando quem somos nós; o título dessa postagem faz referência ao livro de uma escritora canadense, Susan Pinker, irmã de um cara famoso...)

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