domingo, 14 de outubro de 2007

A economia da natureza


Estive no zoológico de São Paulo, com um grupo de alunos que querem fazer biologia. Jovens sortudos, esses: tem o mundo e vontade de viver nele, coisas que eu não possuo e que, provavelmente, invejo.

Invejo especialmente o desejo deles de fazer biologia: se eu, na idade deles, tivesse sido chamado pelo canto dessa sereia em particular, meu rumo no oceano seria outro, muito diferente do atual, que me trouxe a uma ilha deserta, repleta de equações e imposições de produtividade.

Eu não queria nada disso. A única produtividade que eu almejo é a da natureza, de cada ser vivo, que eu aprendi da biologia: produzir e sobreviver tendo, mesmo que inconscientemente, as gerações futuras como objetivo último. Eu não sou nada: a humanidade talvez seja. Meus alunos tem o presente e, espero, serão o futuro, ao passo que eu, eu já sou o passado.

(imagem: foto tirada por mim no zoológico, em que pus uma haste de madeira para encobrir sutilmente o que as girafas faziam)

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