Me lembro mais ou menos bem de uma vez em que meu pai me deu de presente dois livros ao mesmo tempo: "O tronco do ipê", de José de Alencar, e "O ateneu", de Raul Pompéia. Este último tem um começo que sempre valeu para mim como uma frase algo profética:
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.”Já mais velho, eu encontrei foi a Universidade de São Paulo, e seu Instituto de Física, que me lembrou outra frase de "abertura",
"Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate [Abandonai toda a esperança, vós que entrastes]",algo que estaria escrito, segundo a imaginação do poeta Dante Alighieri, nas portas do inferno...
Não me lembro quando li "A divina comédia" de Dante, mas me lembro que o comprei no centro velho de São Paulo, numa loja perto da Praça da Sé. Se não me engano, a minha edição tinha reproduções das gravuras de Gustave Doré, talvez as mesmas que eu encontrei depois num belo e pesado livro que ganhei, contendo as obras completas de Alan Kardec, livro esse que mora hoje na casa de minha mãe, numa rua chamada Raul Pompéia.
Confuso, não? Mas acho que ilustra bem que se minha vida não é um livro, teve (e tem) pelo menos um bocado de livros e autores nela, em cada passo, em cada tempo. E um bocado de poesia, e algumas musas. Mas isso fica para outra hora...
(imagem: ilustração de Gustave Doré para o paraíso de Dante; não me lembro com certeza, mas acho que já usei essa ilustração - e talvez o mesmo título - aqui nesse blog...)
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