sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pruit Igoe and Prophecies


Na casa de meu pai há um quarto que já foi o meu. Nele, agora, ocupando o espaço que já foi meu, se acumulam livros que meu pai não sabe onde por. É uma espécie de troca justa: a primeira vez em que saí da casa de meus pais foi para me envolver mais a fundo com livros e estudos.

Na verdade, sempre vivi cercado de livros, cadernos, revistas. Quando adolescente, ansioso por ter o meu estilo, eu fazia as capas dos meus cadernos, com plástico autocolante e recortes de revistas que eu comprava em duplicata. Não me esqueço de que fui estudar, no interior do estado, com um caderno que tinha na capa um mapa de Marte, tirado de uma revista de astronomia da antiga Rio Gráfica Editora, que eu só encontrei depois de percorrer uma infinidade de bancas. 

Li muita coisa comprada em bancas de revistas. Quando fui morar no interior, o pouco dinheiro que sobrava da mesada de meu pai eu gastava em livros, revistas, especialmente graphic novels, e cinema. Acho que foi nessa época que eu vi Koyaanisqatsi, que é um dos filmes que mais me marcou (ele está lá no meu perfil), por não ter palavras.

Pois bem, tudo isso que eu contei até agora serviu de preâmbulo para o dia de hoje. Em meu antigo quarto, além dos livros, há uma TV com um aparelho de DVD, e neles eu assisti, hoje, um filme que estava em minha mochila há dias, "Watchmen", uma adaptação para o cinema de uma graphic novel que eu comprei em sei-lá-quantos suados fascículos.

A parte da história em quadrinhos que mais me emocionou (e que já apareceu neste blog, numa versão animada dos quadrinhos) é a do cientista que vira um semideus por acidente e vai para Marte, para se afastar de problemas pessoais. Eu sempre quis fazer isso, fugir para Marte, mas, hoje, o máximo que posso fazer é fugir para a casa do meu pai. E ao ver hoje o filme, que é fiel aos quadrinhos, reconheci de imediato a trilha sonora escolhida para essa sequência: é um trecho de Koyaanisqatsi...

Ou eu sou uma pessoa muito ordinária, de gosto muito mediano, ou o universo está de sacanagem comigo, sorrindo da minha cara de idiota.

(imagem: música, música, música...)

Nenhum comentário: