segunda-feira, 5 de abril de 2010

Leviatã


Comentário que postei num blog que frequento:
"Quando eu era criança, me apresentaram a Papai Noel. Segundo ele, existiria algo chamado “luta de classes”, que seria algo mais ou menos assim: a classe que está no poder hoje não iria querer largar o osso, e portanto iria fazer de tudo para impedir quem está por baixo de subir.

Pois bem, eu cresci e descobri que a imprensa - ou algo mais vago chamado mídia - é feita com dinheiro (imprimir e distribuir um jornal por um país do tamanho do Brasil, por exemplo, custa muito e, é claro, é mais fácil atrair anunciantes endinheirados se afinando ideologicamente com eles), e como o dinheiro, em geral, está ligado ao poder, a imprensa também está ligada ao poder (pelo menos aqui). Assim, eu aprendi também que imprensa imparcial é outra estória para crianças, mas que é divulgada aos quatro cantos como verdade."
(imagem: Thomas Hobbes, filósofo inglês que, segundo a wikipedia, nasceu em 5 de abril de 1588; na época dele Papai Noel não havia sido inventado ainda - parece, que segundo Hobbes, "monarchy is the best", e eu acho que tem muita gente hoje que pensa o mesmo, suspirando pelo retorno dos tempos em que a nobreza era respeitada e a ralé - que hoje faz greves! - ficava quieta)

7 comentários:

Charles Morphy D. Santos disse...

Caro Dedalus,
Costumo ler uma revista que é exemplo de jornalismo imparcial e isento: a Veja. Vc viu o último artigo sobre as universidades federais, publicado na edição mais recente dessa maravilha? Se puder, dê uma olhada. Agora me dê licença que vou lá atrás alimentar o saci-pererê que mora no meu quintal, vizinho do curupira muito espertinho que rouba minhas frutas-pão...
Abraço

Dedalus disse...

Caro Charles,

A Veja não é uma mera revista, pois está mais para um instrumento de propaganda, conseguindo ser mais parcial que o Estadão e a Folha juntos. Infelizmente, a maioria dos que a lêem não consegue perceber isso... Lembra que o jornal francês "Le Monde" fez uma reportagem sobre a expansão do ensino público universitário brasileiro? Basta comparar aquela reportagem (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/10/14/universidadeab/) com a da Veja para ver algumas diferenças entre o jornalismo francês e o brasileiro. Ah! Vale a pena também ver a entrevista como Júlio Facó, divulgada pela UFABC (http://www.ufabc.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3124&Itemid=183): o repórter já veio com uma agenda...

Unknown disse...

Oi Dedalus,

A barba de Marx realmente lembra a de Papai Noel...

Já com relação à luta de classes, que em Pierre Bourdieau toma a forma de violência simbólica (ver: O Poder Simbólico), parece-me algo bem plausível. O puxa-saco do Hobbes pelo menos teve a coragem de dizer o porque da necessidade do Estado.

KNX

Dedalus disse...

Caro KNX,

Já existiam puxa-sacos no século XVI? Quanto à luta de classes é, a meu ver, apenas uma versão social da competição intra-específica, que existe em toda espécie... Genes atropelando genes, usando para isso neurônios e instituições: eis a essência da tragédia humana.

Um abraço!

M. Ulisses Adirt disse...

Foi um dos seus comentários mais divertidos mesmo. Mto bem republicado.

Dedalus disse...

Caro Ulisses,

Não sei dizer se minha intenção era ser divertido ou não, e se o texto merecia republicação. Mas foi um jeito que eu achei de citar o seu blog, sem fazer isso como uma propaganda explícita...

Um abraço!

M. Ulisses Adirt disse...

:-) Fico contente que você aprecie o trabalho. Grande abraço, querido.